Agora, falaremos sobre as
características da Opus Magnum - que é o trabalho dos alquimistas ao
transformar, gradativamente, a matéria-prima em Pedra Filosofal - traçando um
paralelo com a nossa jornada de autoconhecimento: como posso transformar
aspectos inconscientes, que se encontram em estado bruto, em consciência mais
ampla, em direção ao Self (que é o nosso ouro interior).
Primeira característica da Opus Magnun: Os alquimistas
ressaltavam que para a realização da Grande Obra eram necessárias algumas
virtudes no enfrentamento dos perigos que a vida apresentava. As virtudes que
eles ressaltavam eram: coragem,
paciência e perseverança. Fazendo uma ponte com o trabalho
psicoterapêutico, podemos dizer o seguinte: geralmente, as pessoas chegam ao
consultório com uma urgência muito grande, muito ansiosas. Entram em terapia
com vontade de resolver situações pontuais, que geram angústia. E de fato, a
terapia vai ajudar nessa organização interna, e a pessoa pode encontrar alguns
caminhos mais imediatos. Porém, quando algumas pessoas se veem "fora do
olho do furacão", quando aquela ansiedade toda diminui, elas param a
terapia. É nesse momento que é preciso ter coragem para enfrentar a sombra, e
perseverança, porque esse é um trabalho milimétrico, onde a pessoa vai,
lentamente, transformando-se de dentro para fora. O trabalho com foco na
ampliação da consciência deve ser alimentado diariamente. Situações do
dia-a-dia afastam e desencorajam as pessoas dessa busca - estresse,
desconfiança no processo, pressa... É uma luta contra uma parte nossa que não
quer crescer.
Segunda característica: a Opus
Magnum é um trabalho sagrado. O processo psicoterapêutico deve ser
orientado para o Self, pois não deve buscar apenas a cura dos sintomas, mas o
equilíbrio do indivíduo em todos os aspectos. O sagrado é uma experiência
numinosa que desvela o mundo do espírito, e isso é restaurador. Nesse sentido,
a cura é consequência desse equilíbrio, dessa harmonia.
Terceira Característica: a Opus
Magnum é um trabalho individual. Transferindo essa ideia para o
contexto terapêutico, cada pessoa deve se responsabilizar pelo andamento de seu
caminhar rumo ao autoconhecimento. Se a pessoa não tomar as rédeas do processo,
não há crescimento.
Quarta característica: a Opus
Magun é um trabalho secreto. Pois bem, a psicoterapia também assume
essa característica na medida em que é um trabalho interno e não deve ser
banalizado em conversas no dia-a-dia, pois é muito difícil o outro apreender o
que é a totalidade das mudanças que acontecem internamente em alguém que está
em processo psicoterapêutico.
Quinta característica: a Opus
Magnum depende de um esforço consciente. Ou seja, alguém que busca o
caminho do autoconhecimento deve envolver-se deliberadamente nesse processo. Buscar
a individuação é ter consciência do seu desenvolvimento, assumir sua
responsabilidade e não delega-la a ninguém.
No próximo texto falaremos sobre a fonte da matéria prima para a realização da Opus Magnum. Onde os alquimistas buscavam essa matéria-prima? E onde nós, hoje, buscamos a nossa matéria prima para realizar as transformações necessárias em nosso modo de ser?
Até o próximo post!
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